Produtor e roteirista de Diabólicos revela desafios de levar The Boys para as animações

Misturando super-heróis, humor absurdo e muito sangue, The Boys alcançou uma legião de fãs que atualmente espera ansiosa pela terceira temporada. Enquanto a série não volta, o público pode matar as saudades com Diabólicos, animação derivada que conta histórias ambientadas no mesmo universo da série original.

Ousado, o projeto consiste em oito episódios fechados escritos e dirigidos por equipes diferentes. Para entender como uma das séries mais absurdas e anárquicas da TV norte-americana chegou aos desenhos animados, o Nerdbunker conversou com o produtor e roteirista Simon Racciopa.

Conhecido por seu trabalho em Invencível, a outra animação de super-heróis do Prime Video, o escritor revela que a ideia de ter vários estilos de animação surgiu logo no início do projeto. Isso porque a equipe responsável gostaria de trazer a visão de diferentes criadores para esse universo:

“Começamos a fazer uma lista de pessoas cujo trabalho admiramos e que sabíamos que são fãs de The Boys, e começamos a convidá-los. E ajuda quando você tem o Seth Rogen para fazer essas ligações (risos).”

A equipe formada por Racioppa, o showrunner da série original Eric Kripke e os produtores Evan Goldberg e Rogen não demorou para perceber que cada um dos oito roteiristas tinha ideias muito distintas. A partir daí, a escolha lógica foi trabalhar em visuais igualmente particulares:

“Quando começamos a conversar com eles, percebemos que as ideias eram tão diferentes que não ficaria tão bom se fizéssemos todas no mesmo estilo. Porque obviamente temos episódios como o do Justin Roiland [de Rick and Morty], que é louco e insano, e também temos o de Andy Samberg [de Brooklyn Nine-Nine], que é realmente dramático e sério. E acho que colocá-los no mesmo estilo não faria bem a nenhum deles.”

Com isso, a primeira temporada de Diabólicos chegou ao Prime Video contando histórias diferentes entre si graças à mistura de estilos que vai de animes a Looney Tunes, passando até por horror coreano. Para Simon Racioppa, encontrar uma forma de fazer isso funcionar foi a etapa mais desafiadora de todo o projeto:

“Em uma série como Invencível, você define o estilo uma vez e pode reutilizar coisas. Se você tem uma casa, pode mostrá-la várias vezes em cenas e episódios diferentes. Em Diabólicos, os episódios são tão diferentes que tivemos que tomar a mesma decisão oito vezes. Cada design teve de ser feito oito vezes, tivemos oito compositores diferentes… Foi muita coisa para administrar, porque fizemos curtas ao invés de uma série de TV.”

Basta conferir a lista de episódios de Diabólicos para perceber que não é exagero definir os episódios como “diferentes”. Enquanto um deles foca em Billy Bruto e Hughie perseguindo um traficante, por exemplo, outro mostra uma garota que se tornou amiga do próprio cocô.

Aos risos, Racioppa explicou que não houve ideia rejeitada na primeira temporada da animação, um feito que só foi possível graças à natureza absurda da produção original:

“O engraçado de The Boys é que não existe uma ideia ‘maluca demais’ para esse mundo. Quando conversamos com Eric Kripke, ele se mostrou aberto a tudo. Apenas tínhamos que nos manter fiéis ao universo da série principal, então Composto V precisava funcionar da mesma maneira, o Capitão Pátria precisava agir da sua própria maneira. Enquanto fossemos verdadeiros a essas coisas, poderíamos fazer o que quiséssemos”.

Capitão Pátria e as ligações de Diabólicos com The Boys

Produtor de toda a primeira temporada, Racioppa também teve a chance de escrever um dos episódios. Ele ficou responsável por “Um mais um é igual a dois”, capítulo que acompanha uma das primeiras missões do Capitão Pátria.

Questionado sobre a responsabilidade de escrever um dos maiores personagens da série original, o produtor e roteirista celebrou a chance de poder trabalhar em uma figura tão complexa:

“Simplesmente amo o personagem. Acho que o jeito que Antony Starr o interpreta na série original o torna uma figura muito interessante. Você vê em seu rosto que ele quer ser um herói, na verdade ele pensa que é um e todos estão conspirando. E você sabe que ele é um psicopata ou sociopata, mas como ele chegou ali? Ninguém nasce desse jeito, tem que ter fatores que te influenciam quando você é jovem, então nesses 11 minutos eu quis mostrar uma pequena janela de como era a vida dele antes da série principal.”

O roteirista definiu a experiência de expandir um universo do qual é fã de longa data como um “prazer”:

“Poder trabalhar com Eric para ter certeza de que estou retratando tudo de forma fiel ao mundo que ele criou foi incrível. Porque eu era muito fã da HQ e da série antes de começar a trabalhar em Diabólicos, então ser convidado foi maravilhoso.”

Considerando que o capítulo mostra um embate entre Capitão Pátria e Black Noir, heróis claramente inspirados em Superman e Batman, é difícil não buscar semelhanças com o filme Batman vs Superman (2016). Aos risos, Racioppa revela que o longa da DC foi sim uma influência:

“Obviamente você não consegue não pensar nisso, é similar em muitos sentidos. Mas claro que queríamos fazer a nossa própria versão desse conflito e tínhamos apenas 11 minutos, mas sim. É um Superman vs Batman pela perspectiva de The Boys, então é um pouco mais violento, sangrento e horrível (risos).”

A animação The Boys Apresenta: Diabólicos já está disponível no Amazon Prime Video. A terceira temporada de The Boys chega ao streaming em 3 de junho.