Westworld volta mais interessante em temporada que tenta retomar sucesso da primeira

Há poucas coisas tão notáveis na TV quanto a primeira temporada de Westworld. Inspirada em um filme da década de 1970, a série foi lançada em 2016 pela HBO, trazendo discussões profundas sobre o que nos torna humanos, em uma história narrada em vários períodos de tempo. Por conta disso, as demais temporadas foram acompanhadas de muita expectativa.

O segundo ano entregou bons momentos, especialmente com a apresentação de outros parques além de Westworld. Já a terceira temporada não teve tanto sucesso. Com uma trama situada no presente daquele universo, a produção parece ter se atrapalhado na própria narrativa, e o resultado foram episódios pouco inspirados. Esse é o pano de fundo para o lançamento da quarta temporada de Westworld, que parece ter aprendido um pouco com os erros do passado, mas ainda não retomou o brilho de sua estreia.

[Spoilers da quarta temporada de Westworld abaixo]

Quarta temporada de Westworld
Caleb (Aaron Paul) e (Thandiwe Newton) de volta em Westworld

Chamado de “Auguries”, o primeiro capítulo do da quarta temporada estabelece onde estão cada um dos personagens após uma passagem de tempo de alguns anos. Essas cenas ajudam a situar o espectador, já que a terceira temporada foi lançada em março de 2020. Tanto Caleb (Aaron Paul), quanto Maeve (Thandiwe Newton) tentam seguir em frente após um período de guerra entre humanos e máquinas. Unidos, eles estabelecem um certo período de paz com muito custo, mas seguem marcados pelos traumas do passado.

É aí que voltam dois grandes antagonistas já conhecidos do público: Homem de Preto (Ed Harris) e Charlotte Hale (Tessa Thompson), com a consciência de Dolores. Para ela, a vingança contra a humanidade ainda não terminou e, aos poucos, a série revela o plano macabro da personagem para atingir seus objetivos. Já o Homem de Preto é representado agora por anfitriões que fazem seu papel – e não têm nada a perder. Juntos, os dois se tornam uma ameaça difícil de confrontar e quase impossível de vencer.

Em outro núcleo, os fãs são apresentados a Christina (Evan Rachel Wood), que parece a versão de Dolores que morreu no passado. Vivendo na nova realidade após o grande conflito, ela escreve narrativas para videogames e tem lembranças vagas de sua outra vida. O dia a dia da jovem é retratado exatamente como era a rotina de Dolores, acordando todos os dias para executar suas tarefas e, em seguida, voltar para casa.

Isso faz parte do texto cíclico de Westworld e até de um desejo de retomar a força dos primeiros capítulos da série, quando a protagonista vivida por Rachel Wood acordava todos os dias esperando algo melhor de seu mundo. Há uma vontade clara disso nesta temporada e, ainda que pareça impossível que a produção tenha o mesmo sucesso novamente, ao menos Lisa Joy e Jonathan Nolan parecem mais focados na história que realmente querem contar.

Esse equilíbrio narrativo, que tanto fez falta na temporada anterior, é refletido especialmente pelos períodos de tempo mostrados na nova temporada. Mais uma vez, Westworld mistura personagens do presente, passado e futuro, mas isso acontece de forma orgânica. Assim, quando os períodos de tempo são revelados, eles fazem sentido sem perder o impacto tão característico da produção.

Com mais sete episódios pela frente, a quarta temporada de Westworld tem um longo caminho para reconquistar o público que cativou em seu primeiro ano. Mas, levando em consideração que o capítulo de estreia já foi mais interessante do que grande parte da terceira temporada, o futuro parece promissor.

A série tem novos episódios lançados aos domingos, na HBO e HBO Max.

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