Microsoft X Activision Blizzard: saiba tudo que aconteceu na negociação

Um dos maiores acontecimentos da indústria dos games nos últimos anos foi a compra da Activision Blizzard pela Microsoft. A gigante do software quer fortalecer seu setor de jogos e transformou a Activision em parte importante desse plano.

No entanto, a avaliação da compra, que foi finalizada em outubro de 2023, não foi nada tranquila, já que pode mexer muito no funcionamento e na livre concorrência desse mercado. Somando isso aos escândalos de abuso e assédio dentro da Activision Blizzard, o cenário fica ainda mais turbulento.

Como são muitas informações de diferentes fontes que chegam por todos os lados, decidimos organizar a cronologia dessa treta em prol dos interessados.

Você confere abaixo a linha do tempo completa do processo de compra da Activision Blizzard pela Microsoft.

Novembro/2021

Primeiro contato com a Activision Blizzard

Segundo o The Wall Street Journal, Phil Spencer, atual chefe da Microsoft Gaming, entrou em contato com o chefe da Activision em 19 de novembro de 2021 para dizer que “a Microsoft estava interessada em discutir oportunidades estratégicas”. Poucos dias antes, revelou-se que o CEO Bobby Kotick sabia dos casos de assédio e discriminação no ambiente de trabalho da sua empresa.

Uma reunião entre Kotick e Satya Nandella, diretor executivo da Microsoft, foi marcada e a proposta de aquisição foi apresentada.

Saiba Mais: Microsoft decidiu comprar a Activision após matéria polêmica envolvendo Kotick

Janeiro/2022

Microsoft anuncia compra da Activision Blizzard

Em 18 de janeiro, a Microsoft anunciou seus planos para comprar a Activision Blizzard. A transação seria feita em dinheiro, avaliada em US$ 68,7 bilhões.

De acordo com o comunicado oficial, a Microsoft se tornaria a terceira maior empresa de games quando o acordo fosse fechado, atrás apenas da Tencent e Sony.

Saiba mais: Microsoft anuncia compra da Activision Blizzard por US$ 68,7 bilhões

Activision Blizzard é responsável por jogos como Call of Duty e World of Warcraft (Activision Blizzard/Divulgação)

O que acontece daqui pra frente?

Muitas dúvidas surgiram após o anúncio da Microsoft. Os jogos da Activision Blizzard vão sair do PlayStation? Quem vai assumir a holding?

Phill Spencer e Satya Nadella responderam essas dúvidas em diversas entrevistas. A princípio, os títulos da Activision Blizzard continuarão disponíveis no console da Sony, honrando quaisquer acordos contratuais, e Bobby Kotick continua no cargo de CEO pelo menos até o fim da negociação.

Bobby Kotick supostamente continuaria como CEO da Activision Blizzard até a conclusão ou falha da compra (Phil Spencer/Twitter/Captura de tela)

Saiba mais:

Ações da Sony caem

Não demorou quase nada para a compra da Activision Blizzard ter consequências. No dia seguinte ao anúncio, as ações da Sony, concorrente direta no setor de games, caíram cerca de 13%, fazendo-a perder US$ 20 bilhões de valor de mercado. Foi sua maior queda desde 2008.

Saiba Mais:

Sindicato pede que Activision Blizzard seja investigada

No final de janeiro, o sindicato Communications Workers of America (CWA ) entrou com um pedido para que a Activision Blizzard fosse investigada pela Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC). De acordo com instituição, várias informações compartilhadas no acordo de incorporação eram enganosas ou omissas.

Saiba Mais: Sindicato entra com pedido para que Activision Blizzard seja investigada novamente

Fevereiro/2022

Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC) começa investigação

Começando o segundo mês do ano, a Bloomberg revelou que a Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos (FTC) analisaria a compra da Activision Blizzard no lugar do Departamento de Justiça. O órgão regulador estadunidense já apresentava preocupações com a aquisição e concentração de big techs.

Vale lembrar que negociações entre grandes empresas sempre passam por um período de revisão por instituições de comércio.

Saiba Mais: Comissão Federal dos EUA analisará compra da Activision Blizzard pela Microsoft

Microsoft reforça que jogos continuarão no PlayStation

Brad Smith, presidente da Microsoft, revelou que a companhia continuará a lançar os games da Activision Blizzard nas plataformas concorrente mesmo após o fim dos contratos.

Saiba Mais: Microsoft lançará jogos da Activision no PlayStation mesmo após o fim de contratos

Acionista processa Activision Blizzard

Enquanto isso, Kyle Watson, acionista da Activision Blizzard, processou a empresa. De acordo com ele, a proposta de aquisição da Microsoft era “injusta” e o conselho de executivos estaria apenas se preocupando com “benefícios imediatos”.

Saiba Mais: Acionistas processam Activision Blizzard por causa da aquisição feita pela Microsoft

Março/2022

Outros órgãos reguladores dos EUA entram na investigação

O Departamento de Justiça dos EUA e a Comissão de Valores Mobiliários também passaram a investigar a negociação a partir de março de 2022. O motivo seria uma possível troca de informações privilegiadas entre três investidores ligados a Bobby Kotick. Essas pessoas teriam investido cerca de US$ 108 milhões na publicadora poucos dias antes da Microsoft anunciar a aquisição, subindo as ações da empresa.

A prática de “insider trading”, quando há compra e venda de ações com informações confidenciais, é proibida nos EUA.

Saiba Mais: Acordo entre Activision e Microsoft é investigado por órgãos dos EUA

Abril/2022

Acionistas da Activision se mobilizam mais uma vez

O SOC Investment Group, outro acionista da Activision Blizzard, divulgou uma carta pedindo que outros investidores recusassem o acordo com a Microsoft. Segundo o grupo, o acordo estaria falhando em “avaliar adequadamente a Activision e o potencial de ganhos futuros”. Além disso, a venda não seria a solução para a “má administração” da Activision.

Saiba Mais: Acionista da Activision pede para investidores negarem acordo com a Microsoft

Acionistas da Activision aceitam proposta da Microsoft

Cerca de duas semanas depois, a Activision Blizzard anunciou que 98% dos seus acionistas e investidores aprovaram a proposta de compra da Microsoft por US$ 68,7 bilhões.

Saiba Mais: Acionistas da Activision Blizzard aceitam proposta de compra da Microsoft

Maio/2022

Nova Iorque processa a Activision Blizzard

A cidade de Nova Iorque, através do “Sistema de Aposentadoria dos Funcionários” e do “Fundo de Pensão para Professores, Policiais e Bombeiros”, abriu um processo contra Activision Blizzard por conta do acordo com a Microsoft. Segundo as instituições, devido a sua administração, Bobby Kotick não teria capacidade para fechar o negócio.

Os grupos também acusaram o CEO de acelerar o processo de venda para escapar das consequências de processos anteriores.

Saiba Mais: Cidade de Nova Iorque processa a Activision Blizzard por acordo com a Microsoft

Bobby Kotick, CEO da Activision Blizzard (Youtube/Reprodução)

Julho/2022

Negociação passa a ser investigada no Reino Unido

Abrindo o segundo semestre de 2022, a Autoridade de Concorrência e Mercados do Reino Unido (CMA) anunciou sua investigação sobre a aquisição da Activision Blizzard pela Microsoft. O objetivo era o mesmo dos demais: analisar se o acordo poderia prejudicar a concorrência, em termos de preços mais altos ou mudanças de qualidade.

Saiba Mais: Aquisição da Activision Blizzard pela Microsoft é investigada por órgão do Reino Unido

Agosto/2022

Sony x Microsoft: apenas o começo

A venda da Activision Blizzard também fez com que empresas ligadas à indústria tivessem que argumentar a favor ou contra a transação.

A Sony, uma das empresas mais preocupadas em toda a situação, contestou a proposta da Microsoft. Ela argumentou que a negociação poderia prejudicar a competição do mercado, já que nenhum jogo consegue rivalizar com Call of Duty. No entanto, a empresa afirmou que não haveria mais recusa de sua parte, caso condições específicas fossem cumpridas. Entre elas, estavam: “sem conteúdo extra de CoD que não esteja também no Playstation”, “sem benefícios para Xbox Game Pass”, entre outras:

As acusações entre Sony e Microsoft se estendem por vários outros meses dessa grande batalha coorporativa (Xbox News for Koreans/Twitter/Captura de tela)

Do outro lado da moeda, a Microsoft, em resposta à Comissão de Comércio da Nova Zelândia (NZCC), afirmou não acreditar que a Activision Blizzard produza jogos tão “obrigatórios” assim para que outras plataformas ficassem receosas.

A empresa disse mais uma vez que não pretende retirar os jogos de outras plataformas, mas também acusou a Sony de tentar “inibir o crescimento” do Xbox Game Pass ao pagar desenvolvedores para não colocarem seus jogos no serviço de streaming por assinatura.

Saiba Mais:

Outubro/2022

Querem saber os benefícios? Então tomem!

No início de outubro, a Microsoft criou uma página em seu site oficial para listar todos os benefícios da compra da Activision Blizzard. Os argumentos vão de “mais jogos” até a existência de um “sistema de pagamento mais flexível”.

Saiba Mais: Microsoft cria página para listar todos os benefícios da compra da Activision Blizzard

Lista de benefícios que a compra da Activision Blizzard traria vão desde interesses dos jogadores até aspectos mercadológicos (Xbox/Divulgação)

Microsoft critica investigação do Reino Unido

Em resposta à 2ª fase de investigação feita pelos reguladores do Reino Unido, anunciada em setembro de 2022, a Microsoft acusou a CMA de agir de maneira “despropositada”. A gigante do software afirmou que o órgão estaria “aceitando as reclamações da Sony sem o nível apropriado de revisão crítica”.

Na decisão da CMA de expandir sua investigação, ela disse estar preocupada que o acordo poderia prejudicar o PlayStation e outros serviços por assinatura, além de iniciar uma competição injusta com rivais de streaming de jogos, como Amazon e Nvidia.

Nova loja Xbox Mobile

Em seus incansáveis esforços para convencer os reguladores do Reino Unido, a Microsoft também revelou que planeja lançar uma loja dedicada a jogos mobile no futuro.

A companhia contextualizou que a aquisição da Activision Blizzard fortaleceria uma futura plataforma Xbox para dispositivos mobile. A desenvolvedora e publicadora é responsável por títulos como Call of Duty: Mobile e Candy Crush Saga, que poderiam ser aproveitados para “mudar o comportamento do consumidor, afastando-o da Google Play Store e App Store, através de conteúdo conhecido e popular”.

Saiba mais: Microsoft planeja loja de jogos mobile para competir com Apple e Google

Sem Call of Duty no Game Pass “por vários anos”

Uma carta da Microsoft para a CMA revelada neste mesmo mês também revelou que a empresa não poderá colocar Call of Duty no Xbox Game Pass por “vários anos”. O motivo seria os acordos firmados entre a Activision e a Sony – que Phil Spencer já afirmou que vai honrar. Não haviam mais detalhes no documento.

Call of Duty é uma das franquias de jogos FPS (tiro em 1ª pessoa) mais populares da atualidade (Activision Blizzard/Divulgação)

Novembro/2022

União Europeia começa investigação aprofundada

No início de novembro, a Autoridade Europeia de Valores Mobiliários e Mercados (ESMA) começou oficialmente a “Fase 2” de sua investigação sobre a compra da Activision Blizzard pela Microsoft. No entanto, já na etapa preliminar, os reguladores da região haviam concluído que a transação poderia reduzir significativamente a concorrência em várias áreas da indústria de jogos.

O período de investigação duraria 90 dias, até 23 de março de 2023.

Microsoft elogia Sony, mas não adianta muito…

Outra estratégia que a Microsoft utilizou para tentar acalmar a Sony, que se mantinha como uma das principais empresas contra o acordo com a Activision Blizzard, foram os elogios. A gigante do software afirmou que sua concorrente tem “vários jogos exclusivos de melhor qualidade” do que os seus, como como God of War, The Last of Us, Marvel’s SpiderMan, Uncharted, Ghost of Tsushima, Horizon Zero Dawn e Days Gone.

Nesse sentido, a Microsoft também argumentou que a aquisição da Activision Blizzard não seria anticompetitiva, já que “aumentaria a concorrência em um mercado há muito dominado pela Sony”.

Veja o documento completo: Microsoft defende compra da Activision Blizzard ao elogiar exclusivos de PlayStation

Dezembro/2022

Acordos de 10 anos para Call of Duty 

Na primeira semana de dezembro de 2022, a Microsoft revelou que havia fechado um acordo com a Nintendo para levar os jogos de Call of Duty aos consoles da empresa japonesa. A informação foi dada, inicialmente, por Phil Spencer, chefão do Xbox, e depois foi confirmada por Brad Smith, atual presidente da Microsoft.

O fechamento de tal acordo foi reafirmado em fevereiro de 2023, dessa vez com uma nota oficial da Microsoft divulgada através do Twitter de Smith, em publicação apagada e repostada posteriormente.

Brad Smith frisa que acordos devem levar “jogos do Xbox e títulos da Activision para mais jogadores em mais plataformas” (Brad Smith/Twitter/Captura de tela)

Saiba mais:

Microsoft é processada pela FTC

Paralelamente, a Microsoft foi levada à justiça pela Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos (FTC) em uma tentativa de barrar as negociações de compra da Activision Blizzard. A agência reguladora alegou práticas anticompetitivas, com as quais a Microsoft ganharia uma vantagem desigual em relação à Sony e Nintendo no mercado de jogos.

“A Microsoft já demonstrou que pode e irá segurar conteúdo de seus rivais na indústria de games. Hoje, buscamos impedir que a Microsoft ganhe controle sob um estúdio independente de sucesso para atacar a competição em múltiplos mercados dinâmicos da indústria de games em rápido crescimento.”

Saiba Mais: Agência americana processa Microsoft para barrar compra da Activision Blizzard

Phil Spencer solta o verbo

Nesse mesmo mês, a paciência de Phil Spencer não esteve das melhores, e o chefe da divisão Xbox disse, em entrevista, que a Sony estaria tentando “diminuir” a marca de consoles verde para poder proteger seu domínio de mercado. Em suas palavras:

“A Sony está tentando proteger seu domínio nos consoles. A maneira que eles crescem é diminuindo o Xbox. [A Sony] tem uma visão da indústria muito diferente da nossa. Eles não distribuem seus jogos no lançamento no PC, eles não colocam seus jogos em [serviços de] assinatura quando são lançados.

A Sony continua liderando o argumento contra o acordo [entre Activision Blizzard e Microsoft]. A maior fabricante de consoles do mundo está levantando uma objeção em relação a uma franquia [Call of Duty], que já dissemos que continuará sendo lançada na plataforma [PlayStation]. É um acordo que beneficia os jogadores por meio de escolha e acesso.”

Saiba Mais: Sony quer crescer ao “diminuir o Xbox”, diz Phil Spencer

Fevereiro/ 2023

Reino Unido sugere retirar CoD do acordo

Como Call of Duty era repetidamente um dos pontos sensíveis da negociação, a Autoridade de Concorrência e Mercados do Reino Unido (CMA) sugeriu em fevereiro de 2023 que o game fosse excluído da proposta, através de uma “renúncia parcial da Activision Blizzard”.

As opções incluíam:

– Vender a parte do negócio que cuida de Call of Duty
– Vender o segmento Activision da Activision Blizzard
– Vender os segmentos Activision e Blizzard separadamente

Até aquele momento, a CMA acreditava que a compra poderia prejudicar a livre concorrência do setor de jogos no Reino Unido. Call of Duty seria parte importante do crescimento do streaming de games via nuvem, e a Microsoft poderia eliminar a concorrência tornando esses jogos exclusivos para seu serviço. Diminuir a competição resultaria em “preços mais altos, alcance reduzido, qualidade inferior e pior serviço em consoles de jogos ao longo do tempo.”

Saiba Mais: Reino Unido sugere tirar Call of Duty do acordo entre Activision Blizzard e Microsoft

Jogos no Game Pass tem vendas prejudicadas

Porém, em resposta ao órgão regular mencionado acima, a Microsoft afirmou que os jogos distribuídos no Xbox Game Pass tem vendas prejudicadas – pelo menos no curto prazo de 12 meses.

Curiosamente, Phil Spencer alegou o contrário em 2018.

Saiba Mais: Microsoft diz que jogos adicionados ao Game Pass têm vendas prejudicadas

Call of Duty: Modern Warfare 2 tem alavancado as vendas da Activision Blizzard e quebrado recordes da empresa  (Activision Blizzard/Divulgação)

Março/2023

Sony não aceita 10 anos de Call of Duty

Em documentos enviados à CMA, a Microsoft revelou que ofereceu qualquer conteúdo de Call of Duty para a Sony em seus dias de estreia, sem limitações, pelos próximos 10 anos. No entanto, a empresa recusou o acordo, alegando que isso poderia envolver custos insustentáveis de licenciamento, o que a forçaria um aumento de preços.

Saiba Mais: Microsoft ofereceu 10 anos de Call of Duty para a PlayStation

Sony é capaz de desenvolver concorrente para CoD?

No mesmo combo de declarações enviadas aos reguladores do Reino Unido, a Microsoft afirmou que “um período de 10 anos é suficiente para a Sony, como editora líder e plataforma de console, desenvolver alternativas ao CoD”.

Saiba Mais: Microsoft diz que Sony é capaz de criar concorrentes para Call of Duty

Reino Unido afirma que compra não prejudicará consoles

No final de março de 2023, a CMA divulgou um novo posicionamento provisório sobre a compra da Activision Blizzard pela Microsoft. Respostas sobre sua lista de sugestões anteriores foram aceitas até início do mês 3.

O 2º parecer afirmava que, diferente do argumento anterior, a fusão não diminuiria a concorrência nos serviços de jogos de console. A agência acrescentou que “o custo para a Microsoft de reter o Call of Duty do PlayStation superaria quaisquer ganhos de tal ação”.

Saiba Mais: Compra da Activision Blizzard não prejudicará indústria, diz Reino Unido

Abril/2023

Reino Unido bloqueia compra da Activision Blizzard

Apesar de sugerir uma aprovação anteriormente, a CMA publicou seu parecer oficial no final de maio de 2023, bloqueando a compra da Activision Blizzard. Mesmo que não afetasse o setor de consoles, a agência acreditava que a Microsoft havia  “falhado em abordar efetivamente as preocupações do setor de jogos em nuvem” e que o acordo poderia “alterar o futuro do mercado de jogos em nuvem, que está em rápido crescimento, levando a inovação reduzida e menos opções para os jogadores nos próximos anos”.

A Microsoft afirmou que iria recorrer sobre a decisão do órgão regulador e que o bloqueio seria “provavelmente o dia mais sombrio nas quatro décadas da empresa na Grã-Bretanha”. Já a Activision Blizzard disse que este seria um “desserviço aos cidadãos do Reino Unido” e garantiu suporte durante a apelação judicial.

Saiba Mais: Reino Unido bloqueia compra da Activision Blizzard pela Microsoft

Bobby Kotick também insistiu que o bloqueio “está longe de ser a última palavra” para o acordo de compra (Xbox/Activision Blizzard/Reprodução)

Maio/2023

União Europeia aprova aquisição da Activision Blizzard

Pouco depois das más notícias de abril, a União Europeia aprovou a compra da Activision Blizzard pela Microsoft. De acordo com o órgão regulador, a preocupação com o mercado de jogos em nuvem não era suficiente para justificar o bloqueio total da aquisição.

Saiba Mais: União Europeia aprova aquisição da Activision Blizzard pela Microsoft

Microsoft contesta bloqueio do Reino Unido

Paralelamente, cumprindo promessa anterior, a Microsoft contestou o bloqueio gerado pelo Reino Unido. O recurso seria analisado pelo Tribunal de Apelação da Concorrência do país, e as audiências foram agendadas para o período entre 24 e 31 de julho de 2023.

Na época, a Microsoft argumentou que “a decisão da CMA era falha por vários motivos — incluindo a superestimação do papel do streaming em nuvem no mercado de jogos, a relação da empresa nele, bem como a relutância em considerar soluções que receberam apoio esmagador da indústria e do público.

Junho/2023

EUA pede liminar contra Microsoft

Na tentativa de intensificar esforços, quem também foi à justiça nesse meio tempo (de novo) foi a FTC (Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos). A agência reguladora estadunidense solicitou uma ordem de restrição temporária e uma liminar contra a Microsoft, justificando que a dona do Windows e a Activision “estavam pensando seriamente em fechar a proposta , apesar do litígio administrativo pendente e das ordens da CMA [órgão regulador do Reino Unido]”.

Caso fosse emitida, a ordem de restrição temporária impediria a Microsoft de fechar o negócio com a Activision Blizzard por cerca de duas semanas. A liminar, por sua vez, bloquearia a conclusão do acordo de compra até o resultado da contestação legal da FTC.

Saiba Mais: EUA pede liminar contra compra da Activision Blizzard pela Microsoft

Julho/2023

Microsoft vence ação judicial

Após cinco dias de julgamento, a Microsoft venceu a ação judicial gerada pela FTC, mencionada logo acima. Nesse caso, o pedido de liminar da agência reguladora dos EUA foi recusado.

“A Microsoft se comprometeu por escrito, em público e no tribunal a manter Call of Duty no PlayStation por 10 anos em paridade com o Xbox. Ela fez um acordo com a Nintendo para levar Call of Duty para o Switch. E também fez vários acordos para trazer, pela primeira vez, o conteúdo da Activision para vários serviços de jogos em nuvem. […] Pelas razões explicadas, o tribunal considera que as alegações da FTC de que essa fusão específica pode prejudicar a competição de mercado não prevaleceram. Pelo contrário, as evidências apontam para tornar Call of Duty e outros conteúdos da Activision ainda mais acessíveis aos consumidores. Assim, o pedido de liminar é recusado”.

Alguns dias depois da decisão, a FTC apelou do resultado. Porém, a Microsoft e a Activision Blizzard estavam livres para das continuidade às negociações.

Saiba Mais: Microsoft vence ação judicial nos EUA e se aproxima da compra da Activision Blizzard

Reino Unido suspende processos e adia decisão

Outra vitória foi que a Autoridade de Concorrência e Mercados do Reino Unido (CMA) concordou em suspender os processos judiciais relacionados a compra da Activision Blizzard, com o objetivo de chegar a um acordo com a Microsoft.

“Estamos prontos para considerar quaisquer propostas da Microsoft para reestruturar a transação de uma forma que aborde as preocupações expostas em nosso Relatório Final”.

Com tal mudança de planos, a reguladora também adiou a divulgação de sua decisão final e definitiva em seis semanas, até 29 de agosto. Vale mencionar aqui que o prazo máximo para a conclusão da compra da Activision Blizzard, até então, era 28 de julho de 2023.

EUA perde de novo e apela de novo…

Adicionando mais uma derrota na lista, a FTC perdeu o primeiro apelo judicial que solicitou, relacionado à liminar contra a Microsoft.

Mas os esforços do regulador não parariam por aí, pois um segundo apelo do resultado original foi submetido.

Call Of Duty no PlayStation por 10 anos SIM!

Ainda em julho, depois de muita resistência, a Sony se rendeu e firmou um acordo com a Microsoft para manter Call of Duty no PlayStation. O combinado, assim como outros que a dona do Windows passou a ter com diferentes empresas, vale pelos próximos 10 anos.

“[Phil Spencer:] Temos o prazer de anunciar que a Microsoft e o PlayStation assinaram um acordo vinculativo para manter Call of Duty no PlayStation após a aquisição da Activision Blizzard. Estamos ansiosos por um futuro em que os jogadores de todo o mundo tenham mais liberdade para jogar seus jogos favoritos.

[Brad Smith:] Desde o primeiro dia desta aquisição, estamos comprometidos em atender às preocupações dos reguladores, desenvolvedores de plataformas e jogos, e consumidores. Mesmo depois de cruzarmos a linha de chegada para a aprovação deste acordo, continuaremos focados em garantir que Call of Duty permaneça disponível em mais plataformas e para mais consumidores do que nunca.”

Segundo um representante da Microsoft, tal combinado é exclusivo para CoD. Ou seja, nenhum outro jogo da Activision Blizzard, até então, está confirmado no PlayStation durante a próxima década (Brad Smith/Twitter/Captura de tela)

Saiba Mais: Sony assina acordo para manter Call Of Duty no PlayStation

Prazo de conclusão adiado até outubro

Com o prazo original batendo na porta e importantes barreiras ainda no caminho, a data limite para a conclusão do acordo de compra entre a Microsoft e a Activision Blizzard também foi adiada, até 18 de outubro de 2023.

O principal motivo para a prorrogação era a última tentativa de negociação com a CMA, do Reino Unido. Já que a análise da venda pelo órgão regulador europeu havia recebido um novo prazo, o tempo de negociação entre a Microsoft e a Activision Blizzard também precisou de um empurrão para uma nova data.

“A Microsoft e a Activision Blizzard estenderam o prazo do acordo de fusão para 18/10. Estamos otimistas em fazer isso e empolgados em trazer mais jogos para mais jogadores em todos os lugares.” (Phil Spencer/Twitter/Captura de tela)

Saiba Mais: Prazo para compra da Activision Blizzard pela Microsoft é adiado até outubro

EUA suspende processo antitruste

Para finalizar o mês cheio de acontecimentos, a Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos (FTC) decidiu suspender seu processo antitruste contra a compra da Activision Blizzard pela Microsoft. A análise do caso seria realizada em 2 de agosto, por um juiz administrativo da própria agência estadunidense.

Saiba Mais: EUA suspende processo antitruste contra compra da Activision Blizzard pela Microsoft

Agosto/2023

Streaming de jogos em nuvem é da Ubisoft

Tentando melhorar a situação frente ao órgão regulador do Reino Unido, que passou a ser foco, a Microsoft ofereceu um acordo de transmissão de jogos da Activision Blizzard no Ubisoft+, serviço de streaming em nuvem da Ubisoft.

Tal negociação transfere os direitos de streaming de games atuais da Activision Blizzard, assim como os lançados nos próximos 15 anos, para a Ubisoft. Com isso, a Microsoft não pode lançar os títulos exclusivamente no Xbox Cloud Gaming ou controlar os termos de licenciamento em serviços concorrentes.

“O catálogo do Ubisoft+ está se expandindo! Temos o prazer de anunciar um novo contrato que trará os jogos da Activision Blizzard para a Ubisoft+, via streaming, após a conclusão da aquisição da Activision Blizzard pela Microsoft! Também estaremos licenciando os jogos para uma variedade de serviços de assinatura e streaming na nuvem.”

Relembrando: os reguladores do Reino Unido bloquearam a aquisição da Activision Blizzard justamente por preocupações com o mercado emergente de transmissão de jogos em nuvem (Ubisoft/Twitter/Captura de tela)

Saiba Mais: 

Setembro/2023

Reino Unido aprova aquisição (provisoriamente)

Após alguns meses e uma série de mudanças nas negociações relacionadas ao streaming de jogos em nuvem, a Autoridade de Concorrência e Mercado do Reino Unido (CMA) publicou uma aprovação provisória da compra da Activision Blizzard.

A CMA, então, abriu uma consulta com prazo até 6 de outubro. Caso nenhum outro problema fosse identificado pelo órgão regulador do Reino Unido, a aprovação definitiva era esperada para o futuro muito próximo.

“Embora a CMA tenha identificado preocupações residuais limitadas com o novo acordo, a Microsoft apresentou soluções que devem elucidar as questões. […] Apesar do acordo reestruturado ser materialmente diferente da transação anterior e resolver substancialmente a maioria dos pontos, a CMA limitou as preocupações residuais a certas disposições na venda dos direitos de streaming via nuvem, que poderiam ser contornadas, rescindidas ou não aplicadas. Para remover esses obstáculos, a Microsoft ofereceu possibilidades para garantir que os termos da venda dos direitos da Activision à Ubisoft sejam executáveis pela CMA. A CMA concluiu provisoriamente que esta proteção adicional deverá sanar as preocupações residuais [e abrir a porta para que o negócio seja liberado].”

Saiba Mais: Reino Unido aprova provisoriamente compra da Activision Blizzard pela Microsoft

FTC continuará processo interno

Por outro lado, quem não desistiu de frear a Microsoft foi a FTC, que confirmou planos de dar seguimento ao seu processo interno contra a dona do Windows.

De acordo com Victoria Graham, representante da FTC, o órgão regulador dos EUA “continua a acreditar que o acordo é uma ameaça à livre concorrência no mercado de jogos”. No entanto, antes e prosseguir com a análise interna, o foco da agência está no segundo processo de apelação federal.

Outubro/2023

Agora sim! Reino Unido aprova compra

No início de outubro de 2023, a Autoridade de Concorrência e Mercado do Reino Unido (CMA), último grande obstáculo em todo o processo de aquisição, aprovou, em definitivo, a compra da Activision Blizzard.

“O novo acordo impedirá a Microsoft de travar a concorrência nos jogos em nuvem à medida que este mercado decola, preservando preços e serviços competitivos para os clientes do Reino Unido. […] Compartilhamos uma mensagem clara com a Microsoft, de que o acordo estaria bloqueado, a menos que ela solucionasse, de forma abrangente, nossas preocupações e se mantivesse firme nisso.”

Saiba Mais: Compra da Activision Blizzard pela Microsoft é aprovada no Reino Unido

Fim? Compra da Activision Blizzard pela Microsoft concluída

E finalmente, depois de quase dois anos de uma gigantesca batalha mercadológica e judicial, a compra da Activision Blizzard pela Microsoft foi concluída em 13 de outubro de 2023.

O contrato de aquisição, avaliado em US$ 69 bilhões e analisado por cerca de 40 órgãos reguladores, consagra-se como a maior proposta/aquisição do mercado de jogos eletrônicos em toda a história.

Um vídeo, inclusive, foi lançado para celebrar a finalização do acordo de compra — confira abaixo:

“Nós amamos jogos. Jogamos, criamos e sabemos em primeira mão o quanto os games significam para todos, como indivíduos e coletivo, como comunidade. Hoje damos oficialmente as boas-vindas à Activision Blizzard e suas equipes na Xbox. Hoje iniciamos os trabalhos para trazer as amadas franquias da Activision, Blizzard e King para o Game Pass e outras plataformas. Compartilharemos mais nos próximos meses. Sabemos que estão animados – nós também. – Phil Spencer, chefe da divisão Xbox”

O que o futuro reserva?

Como comentado por Phil Spencer, os planos para o futuro da Microsoft, Xbox e Activision Blizzard serão revelados aos poucos. O que sabemos, até então, é que games da desenvolvedora de Call o Duty, Overwatch, Diablo e World of Warcraft, entre outros, não serão adicionados ao Game Pass antes de 2024.

De acordo com o chefão da Xbox, discussões internar ainda precisavam acontecer.

“Eu adoraria que houvesse algum tipo de comemoração secreta para as próximas semanas – [mas] não há. […] A verdade é que, com a Activision Blizzard King, o processo regulatório demorou muito tempo. E, francamente, houve tanta incerteza que não fomos capazes de trabalhar no catálogo anterior com as [equipes], Activision e Blizzard, neste caso. […]

Esta aquisição é definitivamente de longo prazo, então o fato de não chegarmos, no primeiro dia, com um monte de jogos ao Game Pass é um pouco deprimente. Mas estou muito animado com o futuro.”

Sobre mudanças internas na empresa adquirida, o CEO da Activision Blizzard, Bobby Kotick, deve permanecer no cargo de comando apenas até o fim de 2023.

De acordo com informações do VGC, Kotick confirmou, num e-mail aos funcionários, que irá se reportar diretamente a Phil Spencer durante o período de transição.

Saiba Mais: 

Por fim, é preciso lembrar que a Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos (FTC) ainda está apelando judicialmente do resultado da audiência que negou uma liminar contra a compra da Activision Blizzard. Além disso, a agência reguladora pode retomar o próprio processo administrativo contra a Microsoft.

Movimentações podem surgir a partir do início de dezembro de 2023.

Fique ligado no NerdBunker para mais conteúdos. Aproveite nos siga nas redes sociais TwitterInstagram e TikTok, e entre no nosso grupo no Telegram.

Waiting TAG ADS