Como Doutor Estranho 2 prepara a próxima grande saga da Marvel nos cinemas

Vingadores: Ultimato marcou a conclusão de uma saga construída ao longo de 22 filmes em mais de 10 anos. Após a memorável derrota de Thanos pelos heróis da Terra, os fãs da Marvel ficaram se perguntando qual seria o próximo grande evento desse universo. De surpresa, uma grande pista surgiu justamente em Doutor Estranho no Multiverso da Loucura.

Primeiro lançamento do Marvel Studios nos cinemas em 2022, o filme reuniu Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch) e Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen) em uma aventura com pitadas de terror que abriu as portas para o multiverso. E, no meio dessa trama grandiosa, a história plantou sementes para um novo evento nas telonas.

[A partir daqui, spoilers de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura]

No meio de tantos acontecimentos e reviravoltas, Multiverso da Loucura apresentou de forma quase discreta o conceito de Incursão. Grande motivo para a morte do Doutor Estranho dos Illuminati no filme, esse evento acontece quando duas Terras do multiverso se chocam causando a morte dos mundos e seus respectivos universos.

As Incursões foram citadas pela primeira vez nos quadrinhos dos Novos Vingadores de Jonathan Hickman e Steve Epting. Apesar do nome, a revista era protagonizada pelos Illuminati, que na época eram formados por Homem de Ferro, Capitão América, Senhor Fantástico, Raio Negro, Namor e Pantera Negra.

Uma das formações dos Illuminati nas HQs

Contrário à existência do grupo por acreditar que eles poderiam tomar decisões erradas ou até se corromper, o Rei de Wakanda os reúne após assistir uma Incursão em primeira mão. Juntos, eles descobrem que não há uma forma de evitar esse evento, e a única esperança é a destruição de um dos mundos para impedir que os dois colidam. Isso porque, se uma das Terras for destruída antes da Incursão, a outra sobrevive normalmente.

Nos quadrinhos, essa trama marcou o início de uma jornada que levou o multiverso Marvel às Guerras Secretas. Lançada em 2015, a história acompanhou uma Incursão entre os universos 616 (o principal das HQs) e o 1610 (conhecido como Ultimate, a realidade alternativa de onde veio Miles Morales).

Enquanto mundos se chocavam, o vilão Doutor Destino recebeu poderes divinos dos alienígenas Beyonders e os utilizou para remodelar a Terra à sua imagem. Ele dá origem a uma tirania que gira ao seu redor, como uma espécie de líder e deus. A paz do tirano chega ao fim quando heróis dos universos 616 e 1610 que conseguiram se salvar unem forças para desfazer suas ações.

Arte de Alex Ross para Guerras Secretas

Guerras Secretas no MCU

Com essa sinopse breve e enxuta – que exclui muitos detalhes e pormenores importantes, vale dizer – há dúvidas se isso pode acontecer nos cinemas. Primeiro porque o multiverso ainda está engatinhando, então parece estranho destruí-lo tão cedo. Segundo porque essa é uma história que gira em torno de personagens como Beyonders e Doutor Destino, vilão do Quarteto Fantástico que ainda não deu as caras nos MCU.

Porém, o Marvel Studios tem um longo histórico de fazer adaptações livres de suas HQs, variando muito no quesito fidelidade. É o caso de filmes como Vingadores: Era de Ultron (2015) ou Capitão América: Guerra Civil (2016), que mantém apenas elementos básicos e conceitos-chaves em suas versões cinematográficas.

Portanto, há grande possibilidade de que a Marvel execute as Guerras Secretas do cinema com foco nas Incursões, colocando os heróis que já apresentados para resolver a questão. Ainda é muito cedo para imaginar como esse tipo de coisa poderia se desenrolar, mas considerando que a primeira grande saga levou mais de 20 filmes, é seguro dizer que isso ainda pode levar algum tempo.

Outro ponto importante é que o estúdio pode aproveitar o gancho desse grande evento para finalmente trazer personagens muito esperados para o Universo Cinematográfico da Marvel.

Apresentando os X-Men

Uma das maiores consequências das Guerras Secretas nas HQs foi a chegada de personagens queridos do Universo 1610 ao 616. Por conta do sucesso entre os fãs, figuras como Miles Morales e Criador (versão maligna de Reed Richards) foram incorporados à Terra principal da Marvel, contracenando com outros heróis da casa sem viagem pelo multiverso ou coisa do tipo.

Com esse precedente nas HQs, nada impede que o cinema faça a mesma coisa para trazer os X-Men em seu universo. Isso porque os mutantes precisam de um cuidado maior em sua apresentação, por ter um problema narrativo que outros heróis (como o Quarteto Fantástico) não têm: vários dos seus representantes têm origem ligada a algum evento histórico importante.

Como exemplos, é possível citar Apocalipse, figura ligada ao Egito antigo, e Magneto, vítima do Holocausto. Esses eventos são relevantes para a origem e motivação desses personagens e apagá-los poderia descaracterizar nomes tão aguardados pelos fãs.

Caso aposte nas Guerras Secretas no cinema, a Marvel tem a oportunidade de apresentar uma realidade em que os mutantes existem como os conhecemos e incorpora-los ao seu universo principal (pelo cruzamento de Terras). Dessa forma, poderiam manter origens e eventos que são importantes para vários heróis e vilões, mas que seriam estranhos de citar apenas agora na década de 2020.

Com isso, o estúdio não precisaria criar histórias mirabolantes para explicar porque os mutantes não foram citados até então, e ficaria livre para focar nas aventuras do presente. Algo similar ao que aconteceu ao Homem-Aranha de Tom Holland, que já deu as caras no MCU com superpoderes e uma origem definida.

Até o momento tudo isso é mera especulação e não é possível cravar que esse será o rumo da Marvel no futuro. Mas sabendo que o estúdio não costuma dar ponto sem nó, vale prestar atenção quais frutos a semente das Incursões pode gerar.

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