Conheça o primeiro jogo da história com mecânica de acessibilidade

A difusão da acessibilidade em jogos vem ganhando cada vez mais espaço nas pautas atuais, mas você sabe qual foi a primeira mecânica de acessibilidade feita em um jogo na história?

O primeiro jogo de fliperama do mundo é chamado Bertie The Brain, e também pode ser reconhecido como o primeiro título feito com o propósito de ser inclusivo, de acordo com o especialista em acessibilidade Ian Hamilton.

Apesar da proposta simples, que consistia em uma espécie de computador que desafiava as pessoas a jogar o famoso “jogo da velha” contra a máquina, o jogador tinha acesso a diferentes níveis de dificuldade, o que tornava as partidas mais abertas a diversos públicos.

Como funcionava o Bertie The Brain

Inicialmente, Bertie the Brain foi construído para mostrar o potencial dos pequenos tubos Additron na época. O aparelho em si era um computador de quatro metros de altura, mostrado na exposição de engenharia em Toronto.

“Na UTEC (Universidade de Toronto), estávamos realmente jogando jogo da velha, então eu disse: ‘Olha, podemos construir uma máquina de jogar’… Praticamente todo mundo conhece o jogo. Achei que daria uma bela exposição”, relembrou Josef Kates, criador do projeto, em entrevista para a Spacing, publicada em 2014.

Kates, que também foi um dos responsáveis por ajudar a construir um dos primeiros computadores do mundo após a Segunda Guerra Mundial, percebeu que criar diferentes níveis tornaria o jogo mais acessível. Com isso, Bertie poderia ser jogado por pessoas mais jovens, e também por aqueles que não podiam competir com o maior nível de dificuldade do fliperama por questões mentais ou motoras.

Essa pode ser considerada a primeira vez em que um jogo teve mais opções feitas com o propósito de permitir que um maior número de pessoas conseguisse jogar efetivamente.

Imagem do jogo Bertie the Brain
Foto do comediante Danny Kaye em pé à frente de Bertie The Brain na exposição nacional canadense em 1950 (Divulgação)

Por não ser um jogo portátil e ter algumas questões envolvendo patente na época, Kates não conseguiu desenvolver novidades para Bertie e o jogo acabou sendo esquecido no tempo. O aparelho foi desmontado e os tubos Additon do qual o computador derivou seu poder de processamento tornaram-se obsoletos. “Se a revolução do estado sólido tivesse começado dez anos depois, eu seria um bilionário”, finalizou Kates ao brincar com a situação.

Falar de acessibilidade é importante

Se pensarmos em superar as dificuldades e deficiências físicas para tornar um jogo mais inclusivo, é seguro dizer que a acessibilidade – até certo ponto – nos jogos já existe há muitas décadas, senão séculos.

Infelizmente, ainda é muito comum nos dias de hoje vermos empresas chamarem mecânicas facilitadoras de “acessibilidade” e, apesar de não ser uma completa mentira, uma mecânica de acessibilidade vai muito além de remapeamento de botões ou tamanho de legendas.

Muitos anos se passaram desde o lançamento do Bertie The Brain e, apesar da pauta sobre acessibilidade não ter sido tão difundida como esperávamos, os novos jogos vem apresentando diversas mecânicas inovadoras.

Títulos como The Last of Us ll e God of War Ragnarok, citados por Paul Lane (consultor de acessibilidade da PlayStation) em uma recente entrevista, apresentam mecânicas para PcD (pessoas com deficiência) que foram pensadas nos estágios iniciais de produção do jogo a fim de tornar a experiência de fato acolhedora para todos. Resta esperar que isso continue acontecendo.

Fonte: Spacing.ca 

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