Elden Ring é a experiência definitiva da fórmula “soulsborne”; confira nossas impressões

“É a culminação de tudo que a From Software fez até agora” foi uma das frases que o diretor Hidetaka Miyazaki usou para descrever Elden Ring, pouco tempo atrás. No entanto, confesso, só realmente acreditei nisso quando coloquei minhas mãos no jogo.

Com a promessa de entregar um “soulsborne” em mundo aberto, algo inédito para o estúdio até então, o título ainda contou com a ajuda inusitada de George R.R. Martin, criador da saga As Crônicas de Gelo e Fogo, para a criação da mitologia desse universo.

A mistura, como era de se esperar, gerou expectativas imensas entre os fãs. E, depois de passar mais de 30 horas nas Terras Intermédias (que ainda foram as primeiras de muitas que ainda estão por vir!), já deixo o aviso: prepare-se pois Elden Ring é imenso, impiedoso e completamente viciante.

Um Anel Prístino para a todos governar

Elden Ring se passa em um universo fantasioso, em que tudo é “abençoado” pela Graça, uma luz divina provida pela Térvore, uma árvore brilhante e imensa, e protegida pelo misterioso Anel Prístino.

Em uma guerra entre semideuses, o anel foi quebrado, o que afetou a Graça e transformou os habitantes e as criaturas da região em seres Sem Luz, os Maculados. Alguns deles, no entanto, ainda conseguem ver a luz divina, o que é o caso do personagem controlado pelo jogador.

Assim, o objetivo é encontrar os pedaços perdidos do Anel Prístino, com a Graça como guia. Mas, é claro, não é tão fácil quanto parece. Este é apenas o pontapé inicial para uma jornada desafiadora em um universo repleto de seres bizarros, lagos venosos, vilarejos amaldiçoados, pântanos sombrios e muitos segredos.

O visual de Elden Ring é estonteante e não depende apenas de paletas amareladas e esverdeadas. Há muitas cores fortes por aqui!

De forma geral, Elden Ring é um “soulsborne” com uma pegada mais puxada para Dark Souls, mas que aproveita muito bem de heranças de outros títulos da From Software, como Sekiro: Shadows Die Twice, para aperfeiçoar a fórmula.

A criação básica do personagem não foge do esperado, com 10 classes para escolher (que vão de Profeta a Miserável e se diferenciam pelos status e itens iniciais), e personalização com opções diversas de rosto, corpo, voz e por aí vai.

A dificuldade elevada, já prevista pelo gênero, está presente. Mas ela se torna mais “acessível” graças a ajustes e mecânicas que foram implementadas. Não entenda errado: você ainda morrerá (e muito) nas mãos dos inimigos, mas existem recursos que suavizam o aspecto punitivo e oferecem uma experiência mais dinâmica que evita algumas dores de cabeça desnecessárias.

Esses elementos são relativamente simples, mas tão eficazes que fazem muita diferença na prática. Uma delas, o cavalo Torrent, é extremamente útil tanto no combate quanto na exploração. Ele é veloz, então é uma boa opção para enfrentar criaturas maiores como dragões e trolls ou passar por hordas para evitar combate. Além disso, também conta com pulo duplo, o que possibilita “escalar” estruturas altas com facilidade, e até andar sobre águas venenosas sem levar dano.

No entanto, a montaria não pode ser usada se o jogador estiver em um dos “modos” multiplayer, seja enfrentando desafios cooperativamente com amigos ou contra outros online. O cavalo é simplesmente bloqueado, o que é uma grande perda.

O pulo duplo do cavalo e a maior resistência dele a quedas (ao aumentar a altura que pode provocar dano) também são elementos que aumentam as possibilidades de exploração. Fique atento a estruturas próximas e seja criativo, porque é possível correr e pular de uma para outra, cortar caminho, descobrir segredos e até evitar inimigos indesejáveis.

Nunca foi tão fácil subir em lugares altos em um “soulsborne” antes

Demorou um pouco, mas a From Software finalmente abraçou a ideia de oferecer viagens rápidas mais tradicionais. É possível viajar de qualquer lugar para um dos locais de Graça que foram encontrados anteriormente e elimina aquele tempo que seria gasto apenas no deslocamento de um ponto para outro.

O mapa ainda ajuda o jogador a se situar, localizar pontos de interesse com facilidade e encontrar novos locais para explorar, com marcadores como auxílio. E há uma bússola que fica no topo da tela para indicar os pontos cardeais e até onde estão as Runas (XP), que ficam no chão quando o jogador morre.

Os locais de Graça são um dos pontos mais importantes de Elden Ring, sendo consequência da estrutura em mundo aberto. Eles são checkpoints que funcionam como as fogueiras de Dark Souls, mas com mais recursos. Esses lugares restauram a vida, os frascos de vida e magia e também os inimigos da área, além de ter outras utilidades como subir de nível, gerenciar o baú, memorizar feitiços e criar itens.

As Graças apontam a direção de pontos importantes relacionados à história, mas não pense que entrega tudo de bandeja. Elas apenas indicam um sentido, e o resto é com você: é preciso explorar, conversar com NPCs, ler descrições malucas de itens e se virar para descobrir os próximos passos. Além disso, o fato da Graça guiar um Maculado também é uma característica importante da narrativa, então existe por um motivo!

Dica: as Sementes Douradas estão sempre no pé de pequenas árvores amarelas e são usadas para aumentar a quantidade de Frascos que o jogador carrega

Além dos locais de Graça, há outro tipo de checkpoint: as Estacas de Marika. Elas servem para oferecer uma opção alternativa ao renascimento do jogador e normalmente estão em áreas com chefões, o que facilita a repetição dos confrontos.

Em relação ao combate, Elden Ring se apoia em espadas, escudos, armaduras, flechas e elementos mágicos, como feitiços, encantamentos e espíritos (que exigem itens específicos para serem usados).

O título segue o mesmo estilo (até mesmo visual) de Dark Souls. Feitiços e encantamentos podem ser comprados ou encontrados na exploração e são de grande ajuda nas lutas por usarem elementos como fogo, gelo, veneno e outros. Há também aqueles mais raros, como feitiços de dragão que exigem literalmente um coração da criatura derrotada para serem desbloqueados.

Já os espíritos são itens especiais que invocam um ou mais fantasmas para auxiliar em combate. No entanto, a maioria é relativamente fraca e serve mais como uma distração em vez de um braço direito, então não é útil em lutas contra chefes mais fortes, apenas contra hordas de inimigos comuns.

Há muitos NPCs inusitados espalhados pelo mundo aberto, então é preciso ser cuidadoso na hora de explorar

Odisseia nas Terras Intermédias

O mundo aberto é imenso e separado por grandes regiões, que conta também com ilhas isoladas e até cidades subterrâneas.

As áreas são repletas de conteúdo, chefes opcionais espalhados para todo o lado, catacumbas escondidas, cárceres misteriosos, castelos destruídos, torres mágicas, vilarejos amaldiçoados e uma porrada de NPCs, que oferecem informações e pequenas histórias paralelas que adicionam camadas de profundidade ao universo de Elden Ring. O jogo quer proatividade de quem está com o controle em mãos, então é preciso ser curioso para encontrar e desvendar tantos segredos.

Os cenários também contam parte do contexto desse universo ao trazer informações visuais ao jogador, como se deparar com uma guerra entre humanos e fantasmas ou um vilarejo devastado por uma maldição e a falta de luz divina.

Quem nunca seguiu os rastros de um fantasma no pântano só para ver onde ia dar?

A localização em português brasileiro é satisfatória, mas com altos e baixos. Há algumas traduções desconexas em alguns momentos, principalmente nas opções e nas descrições de itens, como “usar selecionado” para um comando de consumir mais de um item ao mesmo tempo. No entanto, há também grandes acertos, que envolvem até trocadilhos, como é o caso de uma cidadezinha chamada Jarrosburgo que, como o próprio nome indica, é habitada apenas por jarros vivos.

Nova fórmula, mesma essência

Elden Ring é um jogo grandioso em vários aspectos, em que a maior parte da diversão está em se perder em seu vasto mundo aberto. Ele ainda toma proveito de forma inteligente de mecânicas e conceitos de outros títulos da From Software para aprimorar uma fórmula já conhecida pelos jogadores, sem deixar de manter a essência do gênero.

A sensação que fica é que o jogo é a experiência definitiva do “soulsborne” até o momento. Ele atende as expectativas (que já estavam muito altas) dos fãs de longa data e até mesmo serve como uma boa porta de entrada para quem não é familiarizado com o estilo.

E mal posso esperar para gastar ainda mais horas neste universo.


Elden Ring será lançado no dia 25 de fevereiro para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X|S e PC (Steam). Este texto foi feito com uma cópia para PS5 cedida pela From Software.

O jogo está à venda para PS4, PS5 e Xbox Series X e One. Caso compre pelos links, o Jovem Nerd pode ter comissão.