Ao longo de muitos anos, a Pixar se tornou sinônimo de qualidade e inovação. A cada nova produção, o estúdio testa limites da animação e traz novidades, e isso acontece novamente em Elementos, filme que chega aos cinemas nacionais esta semana.
A trama mostra uma cidade em que os elementos da natureza são vivos. Ou seja, Terra, Fogo, Água e Ar tentam conviver com as diferenças e criar uma sociedade pacífica. Nesse contexto, a jovem do fogo Ember (voz original de Leah Lewis) se apaixona pelo rapaz de água Wade (voz original de Mamoudou Athie), em um relacionamento quase impossível, por conta das características de cada um.
O NerdBunker teve a oportunidade de conversar com o diretor Peter Sohn e com a produtora Denise Ream sobre os bastidores do longa. E, claro, tiramos a dúvida sobre qual elemento foi mais difícil de representar no filme. Segundo a produtora:
“Bom, eu diria que água foi o mais difícil, de longe. Achávamos que o fogo seria o mais complicado, então começamos com ela. Mas o personagem de água foi bem desafiador.”
Já Peter Sohn afirmou que o Ar foi o terceiro elemento mais difícil, e que a Terra foi o mais tranquilo: “Bom, a Pixar sabe fazer a Terra muito bem, né?”.
Elementos de uma pandemia
A ideia do filme surgiu de Peter Sohn, pouco após o lançamento de O Bom Dinossauro, em 2015. Por conta disso, parte da produção do filme aconteceu durante o período agudo da pandemia de COVID-19. Para a produtora Denise Ream, o resultado do longa é positivo, diante de todas as dificuldades de bastidores:
“Eu acho incrível que conseguimos fazer o que fizemos. Porque tivemos coisas como contratar nosso designer de produção à distância. E a ideia é que ficaríamos em casa apenas por algumas semanas, então é incrível que tivemos esse resultado. Acho que não percebemos o quão difícil era [trabalhar à distância na animação] até voltarmos ao estúdio. Então [o filme] também é uma homenagem à nossa equipe incrível.”
Curiosamente, o longa fala sobre uma questão de proximidade muito semelhante ao que aconteceu na pandemia. Como seres de Fogo e Água, respectivamente, Ember e Wade não podem se tocar e, apesar das dificuldades, mostram como é possível ter uma conexão além do toque físico.
“Nós trabalhamos de casa por tanto tempo, e quanto fomos ao escritório da Pixar e vimos os personagens na tela… eu ainda não me canso de olhar esse filme. Porque eu achei visualmente lindo e foi realmente um dos pontos altos da minha carreira, ver esses personagens pela primeira vez”, diz Ream.
Família e gratidão
Para Peter Sohn, a produção de Elementos teve uma questão especial. Além do romance, o filme aborda o tema da relação entre pais e filhos, e o cineasta colocou muito de sua experiência pessoal em Ember. Filho de imigrantes que se mudaram para os EUA, Sohn cresceu com várias expectativas e precisou lidar com isso ao longo do tempo. Segundo ele:
“A primeira cena, em particular, me emociona todas as vezes. Porque o filme começa com essa ideia de que precisamos retribuir aos nossos pais tudo o que foi feito por nós, todo o sacrifício que foi feito. Essa é a história de Elementos. E a cena em que o casal chega na cidade foi uma das últimas a ser feita. Eu virei um poço de lágrimas quando terminei de assistir.”
Mas é claro que, sendo um filme da Pixar, a emoção de Elementos anda de mãos dadas com o humor. E uma das personagens mais interessantes neste sentido é Cinder (voz original de Shila Ommi), mãe de Ember. Personagem do fogo, ela consegue ver se um casal está apaixonado ou não, apenas lendo os sinais de fumaça.
Sohn afirma que a criação da personagem tem tudo o que torna a Pixar um estúdio tão bem-sucedido:
“Foi uma combinação de histórias da equipe, e um pouco de imaginação. Acho que esses são dois ingredientes que mostram o que a Pixar é: um pouco de história pessoal e um pouco de imaginação.”
E o resultado dessa mistura pode ser conferido nos cinemas a partir do dia 22, quando Elementos chega aos cinemas de todo o Brasil.