Lupin retorna deliciosamente divertida em 3ª temporada competente | Crítica

Após dois anos e quatro meses de sumiço, o elegante ladrão Assane Diop retorna às telinhas pela Netflix. O streaming vermelho liberou os 7 episódios da terceira temporada (ou Parte 3) de Lupin, com a série francesa retornando muitíssimo bem calibrada, com uma divertida e empolgante nova aventura.

Na trama, Diop (Omar Sy) continua foragido após expor as falcatruas do ricaço Pellegrini (Hervé Pierre). O mestre dos disfarces tenta levar uma vida tranquila, mas se vê obrigado a voltar à ação para garantir a privacidade e segurança da ex-esposa e filho.

O sossego da família depende do ambicioso roubo de uma jóia preciosa, que o golpista espera usar para financiar uma vida pacata para os amados. Mal sabe Diop que a aventura o colocará na mira de perigosos fantasmas do passado.

Carismático, Omar Sy carrega a série nas costas, em mais uma excelente performance como Assane. Seria redundante defini-lo como o maior destaque da série (afinal, ele é o protagonista), mas a versatilidade e presença magnética do astro dão a Assane Diop, ao mesmo tempo, a confiança e a retidão do melhor ladrão do mundo, mas também permitem que Sy flexione seus músculos dramáticos num mergulho maior no íntimo do personagem.

Na Parte 3, Lupin força Assane a enfrentar as consequências de suas ações que, se até agora não levaram o personagem ao xilindró, pelo menos o confinam num outro tipo de prisão talvez até pior: ver o sofrimento da família e amigos por conta do próprio rastro de crimes.

Nesse sentido, Omar Sy entrega um trabalho primoroso ao trazer à tona a fragilidade de Diop por baixo do porte parrudo do personagem. Até mesmo coberto pelas mais absurdas maquiagens, graças aos disfarces de Assane, o ator conquista o próprio espaço com um dos melhores ladrões da ficção hoje e até, por que não, nos faz imaginar como seria um agente da lei interpretado por Sy.

Omar Sy planeja roubo ambicioso em Lupin. Crédito: Netflix/Divulgação

Além da parte dramática, Omar Sy e Lupin brilham, claro, nas divertidíssimas e engenhosas sequências de roubos e ação. Como nas temporadas anteriores, Lupin moderniza elementos das aventuras de Arsène Lupin, o ladrão de casaca dos livros de Maurice Leblanc, e leva o absurdo a um novo nível com a graninha a mais da Netflix.

Espalhadas ao longo dos 7 episódios do novo ano, essas sequências tomam emprestado os maiores clichês das tramas de assalto, desde as cenas de elaboração dos planos até reviravoltas que brincam com a cronologia, para que você só entenda como, diabos, Diop conseguiu suas trapaças depois que elas já terminaram.

Ok, se você assistiu a Onze Homens e Um Segredo (2001) ou qualquer produção nesse sentido, não espere nada de novo em Lupin. Mas um feijão com arroz feito com todo o carinho também mata a fome, não é mesmo?

Assim como nas temporadas anteriores, Lupin traz, além das façanhas do ladrão, o jogo de gato e rato entre Diop e a polícia francesa. Soufiane Guerrab retorna ao elenco como o detetive Guédira, que mais uma vez concilia o dever de capturar Assane Diop com a admiração pelo bandido.

Com mais episódios na temporada do que os habituais cinco das duas partes anteriores, Lupin se permite ousar, na medida do possível, dentro da fórmula que conquistou espectadores ao redor do mundo.

A série retorna, afiadíssima, como uma trama de conforto carregada por um protagonista brilhante, trazendo empreitadas empolgantes o suficiente para garantir a maratona, mesmo que os riscos nem sejam lá tão altos. Assim como o ladrão que a batiza, Lupin rouba a atenção com o irresistível charme francês e algumas horinhas de diversão.

Todos os episódios de Lupin estão em streaming na Netflix. Aproveite e siga o NerdBunker nas redes sociais Twitter, Instagram e TikTok, e entre no nosso grupo no Telegram.

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