Quando PAYDAY 2 saiu, no longínquo ano de 2013, o conceito de “jogo como serviço” ainda não existia, salvo por alguns MMORPGs. O game, inclusive, teve recepção morna em seu lançamento, por falta de conteúdo e de profundidade, mas acabou crescendo ao longo de uma década, com cerca de 200 atualizações e uma engajada comunidade. Como continuar um sucesso desses?
Os desenvolvedores da Starbreeze aceitaram o desafio, e o resultado é PAYDAY 3. O NerdBunker foi convidado para testar o game, praticar alguns assaltos e sentir na pele a adrenalina da vida de crimes. Depois da nossa viciante experiência, roubando bancos e galerias de arte, parece que o estúdio está no caminho certo.
O plano perfeito
Nossa experiência inicial com o game aconteceu em duas etapas: uma apresentação e sessões de jogo guiadas. Na primeira, Almir Listo, gerente de comunidade, explicou os objetivos da Starbreeze com o título. A ideia é que seja algo que consiga durar tanto quanto seu antecessor.
Para maior sustentabilidade, os desenvolvedores optaram por criar tudo na Unreal Engine 4, que entrega certa estabilidade, por já estar no mercado há alguns bons anos – o que significa também que até PCs mais modestos poderão rodar.
Listo garantiu que o estúdio cogita um upgrade para a Unreal Engine 5 no futuro, mas sem previsão para isso. O foco agora é acertar no lançamento. Afinal, uma base sólida e segura é essencial para construir algo grandioso, e a Starbreeze já tem 18 meses de conteúdos inéditos planejados pela frente.
A comunidade é grande parte do sucesso do antecessor, e os desenvolvedores valorizam muito a legião de jogadores que seguem curtindo o game até hoje. Por conta disso, PAYDAY 3 receberá crossplay entre todas as plataformas, para diminuir as barreiras entre o público de diferentes consoles e PC. A boa notícias para nós, jogadores brasileiros, é que o game também terá legendas e texto em português logo no lançamento.
Assim como fez em diversas transmissões da Starbreeze, Almir Listo aproveitou para explicar os pilares da franquia PAYDAY aos jornalistas. Segundo ele, todos os assaltos do game acontecem em três fases: preparação, execução (que pode ser furtiva ou violenta) e fuga. O terceiro jogo usará as mesmas bases, mas as expandirá de formas que desafiem e entretenham os jogadores.
Fica mais fácil de entender na prática. Nossos testes aconteceram com uma equipe fechada de quatro integrantes, incluindo um desenvolvedor, que explicava as mecânicas como se fosse o líder da gangue. Escolhemos um dos dois assaltos disponíveis, que envolve invadir o cofre de um banco. A partir disso, coordenamos qual papel cada um desempenharia, como quem carregaria munição, armadura ou cura para ajudar os demais. Mas, como em um bom filme de roubos, as coisas raramente acontecem de acordo com o plano.
Sob pressão
Neste primeiro assalto, assim como em muitos do jogo, a equipe começa disfarçada de civil. A etapa permite entrar no banco, identificar onde há câmeras de segurança e contar a quantidade de guardas e reféns. Comunicação é essencial para manter tudo funcionando. Após uma análise do lugar, colocamos nossas máscaras e anunciamos o roubo.
Uma das principais mudanças em relação aos antecessores acontece logo nesse primeiro momento de tensão. Antes de o lugar ser tomado por policiais, tínhamos a opção de amarrar todos os reféns e libertá-los gradualmente para um negociador, o que dava tempo para organizar o assalto antes do caos. Essa fase de negociação cria uma dinâmica muito interessante, já que ter reféns por perto pode ser útil – para trocar por mais recursos futuramente, ou então usá-los como escudo humano, o que faz que parem de atirar em você.
Os preciosos segundos conquistados foram utilizados para conseguir uma bomba incendiária, posicioná-la no chão acima do cofre e começar a queimar um buraco. Eventualmente, o relógio zerou, e os policiais começaram a avançar. Deste ponto em diante, a música eletrônica tomou conta, e o tiroteio aconteceu por todos os lados.
Uma das melhorias mais notáveis está nas mecânicas. O antecessor utilizava um motor gráfico próprio, que frequentemente trazia uma sensação engessada à jogabilidade. Aqui, tudo é fluido e satisfatório, seja atirar ou se movimentar.
Cercados por uma infinidade de tiras, agentes da SWAT, e até mesmo atiradores sniper, minha equipe invadiu o cofre, colocou o dinheiro em malas esportivas e tentou levá-las para um beco, onde uma van nos encontraria para extração. Quanto mais tempo passava no assalto, mais intensas eram as avalanches de inimigos, que por sua vez eram progressivamente mais poderosos. Colegas de crime foram baleados, caíram ao chão, foram presos e até mesmo morreram.
No fim das contas, os poucos que sobraram conseguiram fugir, e a tela celebrou as três malas de dinheiro que conseguimos tirar, mesmo que isso seja uma pequena fração de toda a grana que podíamos ter levado. Ficou claro que a duração da partida e o nível de dificuldade da sobrevivência estão diretamente atrelados à sua ganância.
Nosso segundo roubo foi ainda mais intenso. Dessa vez, o alvo foi uma galeria de arte em Nova York. O plano era invadir durante a noite, pegar o máximo de obras caríssimas em exposição e evacuar sem ser visto. Parece tranquilo, né?
Com nossa comunicação mais alinhada, conseguimos invadir o local sem levantar suspeitas. Um apontava a presença de guardas e câmeras para o outro. Mesmo assim, eventualmente um guarda nos avistou, e foi preciso puxar as armas mais uma vez. Desta vez, porém, havia ainda mais passos a serem realizados no meio do tiroteio: buscar chaves para abrir portas das exposições, ler emails para descobrir onde estão as pinturas de valor e usar uma luz ultravioleta para descobrir quais pinturas são reais e quais são réplicas.
Em ambos os casos, os roubos foram concluídos após intensas trocas de tiro e constantes reajustes ao plano original. Quanto mais intenso e difícil tudo ficava, mais divertida era a experiência. A graça de PAYDAY sempre foi se adaptar ao inesperado, e aqui não é diferente. Parece que a Starbreeze aposta mais em criar roubos que até podem ser concluídos das formas erradas, mas que pedem dedicação e execução perfeita para quem quer lucrar, além de meramente sobreviver.
De acordo com o teste, fica claro que o jogo tem sistemas para abranger todos os tipos de jogador, dos criminosos casuais aos ladrões experientes. Essa é a fórmula perfeita para um título que quer se manter relevante por muitos anos, já que pode ser curtido em pequenas doses ou destrinchado por completo.
Seja como for, PAYDAY 3 deixou uma impressão muito positiva, e por aqui já estamos tentando reunir amigos para realizarem trabalhos perigosos pela cidade de Nova York.
PAYDAY 3 chega em 21 de setembro para Xbox Series X | S, PC e PlayStation 5. O jogo estará disponível no catálogo do Xbox Game Pass no lançamento. O preview foi feito com base na versão de PC.